De visita a Barcelos – algumas reflexões

Depois do Centro e do Sul do país, ontem foi a vez de a Escola Básica dos 2.º e 3.º Ciclos de Lijó, freguesia rural do Concelho de Barcelos, receber a visita da Fundação José Saramago e do atelier A Maior Flor do Mundo.
Realizaram-se duas sessões com seis turmas do 5º e 6º ano, contabilizando um total de 140 alunos, que, à semelhança do que tem acontecido nos anteriores ateliers, se deixaram levar por palavras e sons, por imagens, descobertas e desafios.
Diversos estudos sobre a temática da promoção da leitura permitem perceber que os adolescentes têm uma maior propensão para se afastar do universo dos livros, ao contrário do que acontece numa fase inicial da aquisição das competências de leitura e de escrita. Os mesmos estudos afirmam que se formarmos leitores nessa fase inicial, por muito que o afastamento se verifique numa etapa intermédia, existem maiores probabilidades de mais tarde voltarem a sentir o mesmo apelo e o mesmo fascínio pelos livros, retomando e consolidando hábitos de leitura adquiridos na infância.
Quer isto dizer que a Promoção da Leitura de deve centrar na infância? Não, este trabalho deve acompanhar as diversas fases de crescimento das crianças e dos jovens, permitindo-lhes um contacto próximo com os livros. No caso de A Maior Flor do Mundo, verifica-se que o texto pode funcionar com os alunos do 1.º e do 2.º Ciclo. Porque, se por um lado se observa que a narrativa contém elementos que a aproxima de um universo mais infantil, por outro lado a escrita de José Saramago, pelas suas características, pela não cedência ao facilitismo que muitas vezes se verifica nas páginas de livros infantis, desafia quem o lê, motivando-os para a história.
Uma conclusão que reforça o empenho da Fundação José Saramago neste trabalho que, passo a passo, pensamos poder ser mais um contributo para formar leitores e para os aproximar dos livros e da leitura.

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A vontade de participar

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A atenção de quem observa

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Uma Flor diferente

«A Maior Flor do Mundo» reconhecida internacionalmente

florA curta-metragem de animação adaptada do livro de José Saramago, A Maior Flor do Mundo, realizada por Juan Pablo Etcheverry e com música de Emilio Aragón, acaba de receber o Prémio de Melhor Curta de Animação no 1.º Festival de Madama, realizado na localidade de Sanxenxo. Este prémio assinala mais um marco na carreira deste trabalho que já esteve presente em mais de trinta certames e festivais tanto nacionais como internacionais, entre os quais se destacam o Animadrid, Animabasauri, Animacor, Festival de Clermont-Ferrand, Los Angeles Latino Film Festival ou o Chicago Short Film Festival; para além de ter obtido numerosos prémios, dos quais se destaca o Prémio Mestre Mateo 2008 para melhor curta de animação, e a nomeação na mesma categoria ao Goya 2007.
Já no próximo mês de Abril, A Maior Flor do Mundo poderá ser vista na 2.ª edição do Gulf Film Festival, a ter lugar no Dubai.

«A Maior Flor do Mundo» pelas palavras da Ana Rita

flor_itinerancia_editada1Recebemos já um primeiro texto de uma aluna que participou no atelier A Maior Flor do Mundo na Escola EB 2, 3 Inês de castro de São Martinho do Bispo. Trata-se da Ana Rita, aluna da turma 5.º A que nos enviou o texto que a seguir reproduzimos, com um agradecimento:

O Herói da Flor

Era uma vez um rapazinho que não sabia ler nem escrever… Vivia numa ilha encantada, tinha alegria e casas por todo o lado! Mas não havia escola, por isso tinha de arranjar alguma coisa que gostasse de fazer.
Este menino chamava-se José Saramago. De facto, era conhecido como o “Letras”, pois naquela ilha era o único com imaginação para quase tudo!
Uma vez, preocupado por não ter imaginação, foi até aos confins da ilha sem se preocupar com mais nada… Foi tão longe que, quando se lembrou de que estava sozinho, seguiu para onde o destino o levasse… Se já ninguém sabia dele, podia continuar a sua viagem perdida! Pelo caminho, encontrou uma flor. Era estranha, mas o mais engraçado é que chamava muito a sua atenção. Ficou um longo tempo a olhar para a pequena flor murcha e, logo depois, lembrou-se de ir buscar água ao rio. Foi um longo caminho, mas voltou para ao pé da flor num instante! Sem imaginar que poderia acontecer uma coisa tão fascinante, a flor subiu, subiu e subiu cada vez mais…
A flor, naquele estado, parecia do tamanho do mundo!
O sono, de repente, chegou aos olhos do pequeno rapaz, o “Letras”. A flor, para lhe agradecer, decidiu dar uma das suas pétalas para servir de cobertor durante algum tempo…
Entretanto, os pais do rapaz já estavam preocupados. Deram a volta à ilha encantada, mas nada…
De repente, uma porta, vinda do nada, abriu-se… Os pais, com algumas esperanças, atravessaram a porta e um pouco mais à frente encontraram o José…
Finalmente em casa, José Saramago foi até ao centro da ilha ver a grande flor.
Com um sorriso na cara, as pessoas que lá viviam deram um abraço ao “Letras” e todas juntas disseram:
– Este é o nosso herói!
Tentei cumprir a promessa de escrever esta história com outras palavras. Espero que esteja bem contada, para mais tarde escrever as minhas próprias histórias!

Ana Rita Simões Lopes, 5.º A

«A Maior Flor do Mundo» no Sul

«A Maior Flor do Mundo» rumou ontem ao Sul, mais concretamente à Escola Básica Integrada de Boliqueime (Biblioteca Escolar Lídia Jorge), onde se realizaram mais duas sessões do atelier itinerante que a Fundação José Saramago está a levar a escolas e bibliotecas de todo o país.
Corresponderam ao nosso desafio duas turmas (uma do 2.º Ciclo e uma do 1.º ciclo) que, tal como já tinha acontecido em Corroios e Coimbra, ouviram atentamente o conto e sugeriram títulos que nasceram da sua visão da história, confirmando a multiplicidade de sentidos que o texto de José Saramago permite. Seguiu-se a projecção do filme e a confirmação do fascínio que as imagens e os sons exercem sobre quem a ele assiste, miúdos e graúdos, alertados pelas interrogações que encerram o livro: «E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos? Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?»
No final, os alunos responderam afirmativamente ao desafio que o autor lança no texto, estando já prevista uma exposição dos trabalhos na escola durante a Semana da Leitura, de que aqui daremos conta nos próximos dias.

«A Maior Flor do Mundo» em Coimbra

coimbra_3_editedDepois de Corroios, o atelier A Maior Flor do Mundo, da Fundação José Saramago, esteve ontem em São Martinho do Bispo, Coimbra.

Foi no espaço da Biblioteca da Escola Básica do 2.º e 3.º Ciclo Inês de Castro, sede do agrupamento com o mesmo nome, que cerca de cento e vinte alunos deram asas à imaginação e ouviram a história depois de terem jogado com palavras retiradas do texto. Uma das confirmações que surge do trabalho que está a ser realizado é a de que a história contém elementos que permitem que os alunos sejam confrontados com as suas próprias realidades e com as suas visões do mundo. Após a leitura da história, sem que sejam mostradas as belas ilustrações de João Caetano, pergunta-se aos alunos se concordam ou não com o título e se conseguem imaginar como será o “menino herói” da história. A confirmação surge depois quando se projecta o filme de animação de Juan Pablo Etcheverry. E o silêncio que percorre a sala, ouvindo-se apenas a brilhante banda sonora, e a expressividade na face de cada aluno comprovam o ambiente de partilha que se pode criar em torno de um livro ou, neste caso, em torno de um livro e de uma adaptação animada do mesmo.
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Um outro aspecto curioso que ressalta deste trabalho é o de que uma parte significativa dos alunos, embora fascinados pela imagem e pelo som, prefere a leitura da história. Porque a leitura propicia a imaginação, porque na história o menino pode ser gordo ou magro, alto ou baixo, estar vestido com umas calças ou de calções, a flor pode ser vermelha, amarela ou branca. E é por isto que a leitura de uma história, o contacto com mundos alternativos, se reveste de extraordinária importância na promoção da leitura.

A terminar, confrontados com o repto lançado por José Saramago, “quem sabe se um dia não lerei outra vez este história, escrita por ti que me lês mas muito mais bonita”, os alunos deixaram a biblioteca com o reencontro marcado para o dia em que nos enviarem os trabalhos que irão realizar.

Por fim, uma palavra de agradecimento a toda a equipa da Biblioteca Escolar pela recepção e aos alunos pela vivacidade e disponibilidade.
E para a semana A Maior Flor do Mundo rumará a Sul…

Começou a itinerância do atelier «A Maior Flor do Mundo»

alto_moinho-005_editadaIniciou-se hoje o atelier itinerante de leitura A Maior Flor do Mundo para alunos do 1.º e 2.º Ciclos do Ensino Básico. As duas primeiras sessões tiveram lugar na Escola Básica 1 / Jardim de Infância do Alto do Moinho, em Corroios.
Divididos em dois grupos, os ateliers contaram com cerca de 120 alunos que, respondendo às diferentes propostas apresentadas, treinaram vocabulário, ouviram o conto A Maior Flor do Mundo e a música composta a partir da história, assistiram a uma projecção da curta-metragem de animação com o mesmo título e assumiram o repto de dar asas à imaginação e reescrever, com as suas palavras, esta ou outra história, respondendo assim à proposta lançada por José Saramago no livro.

alto_moinho-018_editada1A promoção da leitura é um dos objectivos da Fundação José Saramago, e um dos métodos adoptados para incentivar a leitura passa pela criação de espaços afectivos em torno de um livro. O resultado das sessões foi qualificado pelos professores como muito positivo. O trabalho continuará durante todo o ano escolar. A sessão seguinte terá lugar na próxima semana, no Agrupamento de Escolas Inês de Castro, em Coimbra.